sábado, 21 de maio de 2011

Besouro Mangangá (Foto ilustrativa )


A palavra capoeirista assombrava homens e mulheres, mas o velho escravo tio Alípio nutria grande admiração pelo filho de João Grosso e Maria Haifa. Era o menino Manoel Henrique que, desde cedo, aprendeu, com o mestre Alípio, os segredos da capoeira na rua do Trapiche de Baixo, em Santo Amaro da Purificação, sendo batizado como Besouro Mangangá por causa da sua facilidade em desaparecer quando a hora era para tal.
Muitos e grandiosos feitos lhe são atribuídos. Diziam que não gostava da polícia (que diversas vezes frustrou-se ao tentar prendê-lo), que tinha o "corpo fechado" e que balas e punhais não podiam feri-lo. Certa época, quando Besouro trabalhou numa usina, por não receber o ordenado, segurou o patrão pelo cavanhaque e o obrigou a pagar o que lhe devia.
As circunstâncias de sua morte são contraditórias. Há versões que afirmam que Besouro morreu em um confronto com a polícia; outras, que foi traído, com um ataque de faca pelas costas. Esta última é muito cantada e transmitida oralmente na capoeira Um fazendeiro, conhecido por dr. Zeca, após seu filho Memeu ter apanhado de Besouro, armou uma cilada, mandando-o entregar um bilhete a um amigo que administrava a fazenda Maracangalha. Tal bilhete pedia para que seu portador fosse morto. Besouro, analfabeto, não pôde ler que aquele bilhete era endereçado ao seu assassino e que esclarecia que o portador era a vítima, ou seja, ele próprio. Assim, no dia seguinte, ao voltar para saber a resposta, quarenta soldados o estavam esperando. Um homem conhecido por Eusébio de Quibaca acertou-lhe nas costas com uma faca de tucum (ou ticum), um tipo de madeira, tida como a única arma capaz de matar um homem de corpo fechado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário